de resempre.

11.9.08

e de repente me sentia protegido, você sabe como: a vida toda, esses pedacinhos desconexos, se armavam de outro jeito, fazendo sentido. e a gente entende tão bem desses pedacinhos desconexos, de pequenas - gigantes - revelações no ônibus, em restaurantes ou bancos públicos onde, subitamente, o passado, outrora terrível, acalma-se como uma criança a ouvir a mais doce canção de ninar.

sempre, sempre me surpreende a forma como os nossos pedacinhos caminharam, desde muito cedo, a um encontro, ao eufórico momento em que pudessem, por fim, se encaixar perfeitamente aos compreensivos pedacinhos de outra pessoa. exata. mas, ainda assim, guardando o silêncio, pois sempre fomos do tipo de pessoa que fala baixinho e não acredita facilmente na própria felicidade.

quando ela se faz tão presente a ponto de tomar nossos corpos numa dança inquietante é que notamos: de repente, somos felizes. nesse encaixe tão perfeito em que minha única vontade&sentido é existir para você. com você. existir em você, como muitas vezes eu sinto, num desses momentos de euforia, sem, no entanto, notar a dimensão que
tomamos em mais de um ano de vida.

é que o amor não está só nesses de repentes, meu bem. muito além, ele esteve - e está - em cada um dos dias que prepararam nossas pequenas partes desconexas; em cada timidez, nas nossas brigas tão apaixonadas que nunca nos separaram e, sobretudo, em cada pequeno sorriso que damos ao pensar em um toque, um cheiro, uma respiração. tudo o que parece ser pequeno, mas, assim como nós, é infinito - em todo e qualquer momento.

porque você se atemporalizou em mim. você é meu passado presente futuro; a presença que veio mesmo antes de imaginar estar presente, assim, tão de repente. só com você tenho essa certeza gratificante de estar viva, ainda que, algumas vezes, falando silenciosamente ou temendo qualquer ruído além da batida compassada de nossos corações. de maneira tão precisa que torna impossível qualquer dúvida, mesmo que só nos demos conta em dias excessivamente cinzas ou coloridos, os nossos pedacinhos, meu amor, nunca nos deixam esquecer. sempre aquela espécie de porto.

1 comentários:

Anônimo disse...

(: