talvez eles tenham mesmo razão e nossas palavras inverossímeis só agravem consideravelmente o caso. mas, então, o que deve ser feito? não nos resta outra possibilidade senão insistir, lutando incansavelmente por uma questão de princípios. e o caso é de importância comparável a um assassinato ou uma palavra não dita no momento necessário, ou seja, vital.
está certo que não somos as pessoas mais organizadas para defender grandes-causas-coletivas. a verdade é que muitos dos nossos homens sequer se conhecem, o que, no entanto, não impede que eles se reconheçam todas as vezes em que se cruzam pelas ruas. e enxerguem dentro de cada um dos outros o mesmo estranho brilho que sentem dentro deles mesmos; como feitiço ou armadilha.
é que nenhum de nós conseguiu, até então, identificar qualquer razão para sermos como somos e estarmos, mesmo que um pouco inconscientemente, disputando esta batalha. e nada disso por falta de tentativa, diga-se de passagem, porque, apesar de fugirmos irremediavelmente ao tema e contexto, temos uma notável capacidade inventiva e investigativa.
dentro de nós as coisas voam, numa espécie tão alegre de caos que só de pensar que eles nos condenam deixo cair todas as bolinhas coloridas equilibradas num complexo malabarismo. não creio que tenhamos feito algo de errado; apenas seguíamos nossa própria ordem.
talvez estivéssemos andando em suas ruas um pouco distraídos demais. talvez olhássemos para o céu, mas seria isso o bastante para desestabilizar toda a sua ordem?serão nossos homens menos capazes simplesmente por enxergar mais cores do que os outros? ou são as lágrimas repentinas que, junto ao aquecimento global, podem inundar todo o requinte tecnológico de sua civilização?
já não posso ver com os seus olhos, estou fadado ã minha sina de buscas inalcançáveis e brilhos inexplicáveis, mas reconheço que deve haver algo de muito grave. eles estão agindo de forma imensamente ofensiva; eles querem acabar com nosso direito de sonhar.
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