não há qualquer beleza em minhas palavras, não tente enxergá-la e nem diga nada a respeito. existe nelas apenas o desespero áspero, a última tentativa de consolo quando todas as outras são inexistentes. porque são duas da manhã e o medo me percorre inteira, sem qualquer outra possibilidade de apaziguar. um medo que chega ao centro de tudo e não se deixa verbalizar; um medo maior do que o próprio sentir-medo. e não há nada a fazer além de derramar as palavras, além de utilizar essa força escura que se aproveita da minha fragilidade. não há mais nada nem ninguém no momento. minha força está na solidão, eu preciso dizer para tentar explicar a consecutiva ausência nos instantes exatos em que eu mesma me falto a mim. o meu ideal de salvação é uma mão para segurar, um descanso na minha loucura, como para guimarães rosa. mas preciso me contentar com o quarto vazio e o fechar dos olhos do mundo. com a força que surge apenas da minha fragilidade e, de repente, torna-se brutal, de repente torna-se palavras e palavras escritas como forma de expelir o medo a angústia o não-sei-mais que existe por dentro. vezenquando olho no espelho e tomo sustos por ele não me saber e jamais denunciar o vazio ou mesmo a força brutal. talvez seja esse o motivo de ninguém mais compreender; não enxergam o invisível. e por tanto tempo esperei por uma palavra que pudesse salvar ou por uma ínfima compreensão que agora sou só desgaste. agora o medo se apodera e eu fecho os olhos. e busco força na minha solidão, porque é tudo que me resta.
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1 comentários:
eu gosto tanto desse, que não sei nem explicar.
tenho-o anotado no meu caderninho. leio sempre; aqui ou lá.
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