désespoir agréable;

3.7.07

saio à revelia; bom dia é meu primeiro passo e ele não tem qualquer direção. um dia acreditei que o importante era andar, andar e desde então já não me mantenho parada. não posso. parada eu sou sempre você e a memória dos dias em que os únicos passos eram os ébrios, de quando eu cambaleava em sua direção esperando que você me acolhesse me entendesse me olhasse, sequer. e não falo só do passado porque agora

preciso seguir mais depressa. às vezes tropeço; não tenho um rumo e meus próprios pés se confundem. do chão, ouço sua voz e ela já não é mais doce. quem sabe nunca tenha sido e eu, tão agoniada, tão sedenta por qualquer palavra sua, engolia todas. elas tinham gosto de salvação sem, no entanto, jamais terem passado de algo insípido, inodoro e incolor. transformei água em vinho, bem sei.
como também sei que agora não me resta nada além desse caminhar que, admito, é ainda mais ébrio do que aquele que te seguia, esse caminhar na intenção de me encontrar, te encontrar, encontrar alguém completamente diferente. tanto faz, o que acontecer primeiro. por enquanto, contudo, tudo o que acontece é esse desespero de estar perdida, cansada, desacreditada.

junto com isso, porém, um princípio de idéia que se forma e vai ganhando cada vez mais força em mim: não sei bem se amanhã, depois, quem sabe no próximo ano - não sei quando, mas o dia há de chegar - por estar com os pés tão cansados desse caminho, ou quem sabe por estar distante demais, eu vou desistir de lutar por você.

1 comentários:

Anônimo disse...

Por que nao:)