ouça bem;

4.9.07

no fundo, naqueles locais escondidos onde só se chega com muito coração, há sempre um silêncio. tão ínfimo que mal se pode (não) ouvi-lo. tão pessoal que raramente chega-se a alcança-lo. mesmo quando ele é seu. e, não duvide, você o possui, ainda que existindo-não-existindo alternado a cada hora, minuto, segundo.

pois há mistério no silêncio, ou talvez o silêncio seja o próprio mistério. sim, o silêncio é o mistério. é o que há de imprevisto na previsibilidade do dia, dos sentimentos programados para serem sentidos. o silêncio não os respeita, sussurra sorrateiramente saídas secretas. o silêncio sonha. fantasia alto, quando sequer nos pensamos capazes disso.

até percebermos, numa quarta ou quinta feira de tarde, geralmente quando faz sol. ou então numa terça de manhã, quando se caminha na chuva - e o vento batendo no rosto, mas de repente você não se importa de ficar gripado. ou sente uma vontade, que não sabe de onde vem (e vem do silenciozinho escondido) de ouvir uma certa música, dizer uma certa frase - eu me sinto tão bem! - ou tomar um picolé de uva.

e simplesmente não se pode evitar. ou pode, do mesmo jeito que se evita uma alegria ou um sorriso. até porque o silêncio também é sorriso, misterioso sorriso. assim como o silêncio é o ser, em sua totalidade e sua particularidade; é que por dentro, a gente é um mistério que sorri.

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